Era noite, eu e Fernanda estávamos saindo do nosso barzinho favorito, meio bêbadas, meio bobas, riamos enquanto lembrávamos do mané que deu em cima de mim. Passou alguém do meu lado, apressado, meio correndo e me esbarrou, na pressa de ir para o ponto de táxi não olhei seu rosto, Fernanda desacelerou, olhou bem no fundo de meus olhos e disse " Ceci, você o viu?"
Dei uma pausa, meio confusa, virei - me para olhar, "Deve ser algum gatinho" pensei. Olhei rapidamente e abruptamente fui puxada por Fernanda, "não olha, é o Rodrigo, acelerou o passo quando te viu, ficou tão atordoado que esbarrou em você, idiota!! Ta bem amiga?"
Parei por instante. Era estranho e aliviante, esse nome - Rodrigo - não me fazia mais nenhuma referencia.
Pela primeira vez, eu não sentia nada, nem amor, nem repulsa, nem mesmo um pouquinho de magoa ou ressentimento. Eu simplesmente não senti nada. Mentira, senti sim, felicidade por ter me libertado de alguém que me fazia tão mal, que destruiu completamente qualquer resquício de amor que qualquer ser humano é capaz de sentir por outro. Por muito tempo eu achei que minha alma ficaria na escuridão depois de ter sido violentamente magoada por alguém tão frio. De repente o teu toque não me trouxe nenhum sentimento, o teu nome nenhum arrepio e o teu olhar nenhuma luz. Lembrei de uma frase que vovó costuma me dizer "Se preocupa não Cici, que de desamor ninguém morre!", apesar de todo o desamor que esse traste me proporcionou eu não morri, aliais eu tô vivíssima, mais viva do que nunca inclusive!
Meu pensamento foi cortado pela curiosidade da Fê, que enquanto me arrastava - quase que literalmente rs- para dentro do táxi (que chegou e eu nem percebi).
"Cecilia Barbosa, pode me contar tudo o que tá passando nessa sua cabeça de vento gigantesca!!!!!"
Relaxa Fê, quer saber realmente o que eu estava pensado??? Estava pensando irmos até aquela casa noturna que você a-do-ra, são 2 da manhã e a noite é uma criança!!!
Motorista, cancela a parada no meu prédio, partiu balada!
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