“Quanto
tempo não é mesmo? Como estão as coisas, e a família, tudo bem?Eu
estou bem, obrigada por perguntar, vai tudo bem.”
…
De repente, é só isso.
5 anos de assuntos contínuos e cumplicidade escancarada interrompidos
por um silêncio depois do bom dia educado com nosso encontro no
elevador. Um constrangimento cortante é seguido pela surpresa do seu
convite: “Vamos almoçar?” Fiquei sem graça de recusar,
conhecia de longe o teu olhar, estava apreensivo, porém animado.
Aceitei.
O silêncio permaneceu, o
almoço acabou. Puxamos uns assuntos daqui e dali, mas o silêncio
parecia se atrelar ao ponto final de cada frase.
Você lisonjeiro como
sempre, não me deixou pagar a conta. Engraçado como você não
havia mudado o pensamento de “comprar um carro pra quê?”,
ofereci então uma carona.
Ah, o silencio, entrou no
carro conosco. Ficou ali até o quilometro 17, daquela velha estrada.
Quando um suspiro acompanhado de uma carinha receosa disparou:
“Clara, você me
esqueceu?”
Agradeci a os céus pelo
sinal vermelho concedido, pude respirar fundo e esclarecer tudo.
Um flash – back passou
por minha mente, tantos momentos felizes, outros nem tanto. O
carinho, o respeito e até as brigas. Junto a todas as
reconciliações. O começo, o meio e o fim. Um ano havia se passado
desde que terminamos, você me evitava desde então, e eu não fiz
questão de te procurar. O contato era minimo, foi necessário.
Por um certo tempo,
tentei de todas as formas me livrar de tudo que me lembrava você. E
eram muitas as coisas que me faziam recordar, eu havia me acostumado
com a sua presença, mesmo quando você saia da cidade para
trabalhar, estávamos sempre conectados. De alguma forma eu me sentia
ligada, sintonizada a você.
Quando nosso amor acabou,
eu fechei os olhos para isso, achei que ignorando o fato ele se
resolveria sozinho. Não foi bem assim, quando me dei conta já não
tinha mais volta.
Foi cada um para o seu
lado, seguir o seu caminho, tocar sua vida.
Com o tempo, aprendi que
não iria esquecer. Teria que conviver com o fato que você passou
pela minha vida, foram bons os momentos que estivemos juntos,
houveram altos e baixos. Ao invés de guardar mágoas e raiva,
resolvi guardar coisa boas, risadas e lágrimas, mas só as de
felicidade.
Resolvi deixar tocar
aquela música que você adora à tentar tira – lá do ar o mais rápido possível. Assistir aquele filme que eu evitava porque o
protagonista me lembrava você.
Eu tenho um cantinho
reservado com muito carinho, onde guardo todas as memórias de tudo o
que passamos, eu juro que está bem guardado, lá no fundo do meu
coração.
Olhei para o lado do
passageiro onde você estava, vi que ansiava de forma apreensiva por
uma resposta. Me contive para rir de seu quase desespero, aposto que
pensou que eu iria me desembestar a chorar, pedindo para voltar,
aposto mais que por este motivo você até se arrependeu um pouco da
pergunta. Esperei mais alguns segundos para responder, só para
aumentar a curiosidade que te corroía.
“Sim e não. Esqueci
tudo o que me fazia mal em relação a ti, me livrei de toda a mágoa e ressentimento. Guardei as coisas boas, com muito carinho. Mudei o
capitulo, sem esquecer os anteriores.”
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